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sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Falta cumprir o resto do Programa da Oposição
Na data em que internacionalmente se celebra o dia da juventude e a meio de um mandato autárquico desapontante, impõe-se fazer um balanço e lançar as bases de uma governação moderna para a juventude.
Os problemas que afligem a nossa geração e as que se seguirão são bem conhecidos de todos os quadrantes da sociedade. A preocupante situação económica que todo o mundo atravessa, lança a dúvida sobre o futuro de milhões de pessoas, sendo a juventude um dos grupos mais afectados pela instabilidade que se vai apoderando do dia-a-dia.
Num plano mais regional, a Europa atravessa uma grande indefinição. Aquele que era, para todos, um porto seguro no meio da incerteza global, tem defraudado as expectativas mais modestas dos seus cidadãos. Seja pelas débeis lideranças, seja pelas hesitantes políticas, aos europeus em geral e aos jovens em particular não sobram motivos para esperar melhores dias nos tempos mais próximos.
A nível local o panorama não é melhor. Como é sabido, em tempos de crise, sobretudo quando o planeamento é deficitário e quando a vontade é diminuta, as políticas de juventude são das primeiras a sofrer. Em Braga é isso mesmo que se verifica. Aos problemas gravíssimos que a juventude enfrenta, de que é bem exemplo a alarmante taxa de desemprego jovem, consistentemente acima dos 20%, junta-se a inexistência de uma ideia de futuro, não se vislumbra um lampejo de novidade. Ou bem que se repetem modelos e iniciativas desadequadas e anacrónicas, ou então nada feito.
A este propósito faça-se a devida justiça, a Capital Europeia da Juventude, proposta de 2009 da Coligação “Juntos por Braga”, será, em 2012, uma oportunidade para remediar qualquer coisa, mas os sinais têm sido, no mínimo, pouco convincentes.
E é precisamente este aspecto que preocupa quem assiste com alguma atenção à governação socialista. É que o pouco que se fez a propósito da melhoria de vida dos mais jovens veio directamente da criatividade da oposição. Dirão os mais cínicos e os mais inocentes em uníssono que nada há de mal em que assim seja, que é sinal que a autarquia está aberta às boas ideias venham de onde vierem. Infelizmente a realidade é bem diferente, perante o deserto de ideias em que se tornou o cristalizado executivo, nesta como noutras matérias só sobram as ideias dos outros. Quando assim é, está definitivamente marcado o final de um consulado.
À falta de obra e à falta de dinheiro para sequer pensar na repetição da fórmula mágica “cimento + betão = eleição”, resta à autarquia colher o restolho de lucidez que o ocaso costuma recuperar. Também por isso e ainda que em esforço, o dinossáurico edil bracarense lá vai reconhecendo que mais vale copiar os abundantes programas autárquicos da Coligação do que executar os insípidos manifestos socialistas.
Depois de votar a Bracalândia ao ostracismo, depois de hipotecar a nossa e as próximas gerações com investimentos “faraónicos” e insensatos (veja-se o caso da piscina olímpica, cujo adjectivo só pode qualificar o interminável processo de construção), depois de distribuir sintéticos de milhões como “vinho de tostão”, já resta pouco para arruinar o futuro de todo um concelho.
Em Braga, como no país, a solução para os desmandos governativos foi o esgotamento das fontes de financiamento. Os cofres camarários não esticam e as instituições bancárias há muito que recusam qualquer cumplicidade.
Enfim, apesar da falta de paciência que os bracarenses vão demonstrando para com a inacção do município, a oposição está em condições de garantir que não faltam propostas suas, contidas nos custos e ambiciosas nos efeitos, que a autarquia pode continuar a copiar.
Continuam por cumprir ideias tão simples como o estudo de criação de novas praias fluviais. Continuamos a aguardar a revitalização do Conselho Municipal da Juventude. Não compreendemos como é possível ignorar o incentivo a programas locais de incentivo ao emprego e à criação de empresas através, por exemplo, do recurso à discriminação fiscal positiva dos jovens empreendedores. Porque é que a aproximação dos agentes políticos municipais às escolas concelhias não é ainda uma realidade, como propusemos com o programa “Políticos à vista”? Como explica a autarquia que as ciclovias prometidas continuem a ser uma miragem? O que pode justificar que a reanimação do centro histórico e a aposta decidida no arrendamento jovem sejam injustificadamente adiadas?
Estas são apenas algumas das propostas da Coligação que a Câmara Municipal decidiu ignorar, julgando arreliar os partidos que a compõem, mas que infelizmente prejudicaram muito mais o futuro da juventude bracarense do que o orgulho da oposição.
Estes são os contributos que julgamos fundamentais numa visão de futuro do exercício das funções executivas nos órgãos autárquicos. E correm sobre três eixos fundamentais – “Empoderamento” dos mais jovens; Criatividade na gestão autárquica em conjunto com a antecipação de problemas e respectivas soluções e, finalmente, a Promoção da qualidade de vida.
Para o partido socialista está visto que, sejam os protagonistas mais ou menos jovens, a política de juventude resume-se a um conjunto de efemérides onde a pompa disfarça a inexistência de um caminho coerente e estruturado.
Pela nossa parte cá estaremos, agora como daqui a uns anos para corrigir o muito que de mal foi feito.
Este dia 12 de Agosto, como dizíamos no início, serve para celebrar “um defeito que passa com a idade” como já alguém disse. O problema é que a juventude pode passar por nós, mas a incompetência deixa marcas e Braga já vai tendo chagas de sobra.
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Texto de João Marques
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